[:br]Já abordamos muito as questões das partes de borrachas (teteiras e juntas), mangueiras e demais itens que possuem vida útil para utilização e verificamos o que pode ocorrer com uso prolongado desses produtos.

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Verificamos as formas de regulagem de vácuo e configurações dos sistemas de ordenhas para uma performance boa na ordenha, mas não poderíamos deixar de fora outra operação muito importante em uma sala de ordenha que é o protocolo de limpeza dos sistemas de ordenhas.

Esse processo é também de extrema importância para alcançar padrões de qualidade higiênica no leite e vai variar conforme o modelo de sistema de ordenha instalado na fazenda. Sabemos que poderemos encontrar no Brasil uma variedade de sistemas como: balde ao pé, transferidores e canalizados.

Entretanto antes de adentrar nos protocolos de lavagem propriamente dito, precisamos saber se o meio onde diluiremos os detergentes possui uma adequada qualidade físico química para realizar o processo de lavagem com eficiência.

Portanto para que possamos garantir a eficiência da lavagem é de grande valia os exames de qualidade da água para que possamos, se necessário, realizar as correções para que a mesma tenha um status adequado para o propósito que será usada. Além da parte microbiológica que devemos corrigir, outro fator muito corriqueiro no interior do Brasil é o que chamamos de “água dura” ou “salobra” ou seja, água com alto índice de sais dissolvido nela que poderá causar certos problemas para a ordenha.

Sendo assim um dos passos importante nesse processo é a fazenda conhecer a qualidade da sua água, que também influencia em outros fatores de produção que estão abordados em outros textos no próprio site MilkPoint. De posse desse conhecimento podemos então partir para as próximas etapas do protocolo de lavagem.

Na tabela abaixo vamos conhecer um pouco da composição do leite e assim entender as etapas de lavagem e sua importância para remoção dos componentes do leite no sistema de ordenha.

Composição Leite de Vaca
Água ————– 88 gr
Proteína ———- 3,2 gr
Gordura ———– 3,4 gr
Lactose ———– 4,7 gr
Minerais ———- 0,72 gr
Energia ———– 61 Kcal
*Referência da porção 100 gr

Conforme observamos na tabela o leite possui vários ingredientes os quais, se permanecerem parados em recipientes, utensílios e equipamentos, criam excelente oportunidade para o desenvolvimento de microrganismos.

De modo a evitar este problema, todos as partes que tenham contato com o leite devem ser muito bem higienizadas imediatamente após o término da ordenha, primeiramente com enxágue bem feito para facilitar a limpeza química e por fim, o uso de sanitizantes completando o processo da boa higienização.

Salientando novamente a importância da água que influencia na eficiência dos detergentes conforme comentamos no início deste texto, entretanto devemos ter especial atenção a outros três parâmetros para máxima eficiência da lavagem que são a concentração de detergente, temperatura da água e tempo de duração de cada etapa do processo de lavagem.

Vamos entender os detergentes. Geralmente visualizamos nas lojas tipos diferentes de detergentes como alcalinos, ácido e sanitizantes para ordenhadeira. Nesse texto não abordaremos as limpezas dos tetos, outra operação essencial para a qualidade, realização da pré-ordenha, checagem dos primeiros jatos de leite e do pós-ordenha.

Função do detergente alcalino: esse produto é responsável por remover a gordura e proteína principalmente do sistema de ordenha para que não haja proliferação bacteriana.

Função do detergente ácido: remover os minerais do sistema de ordenha e prevenir a formação de pedra do leite em regiões de água dura.

Função do sanitizante: antes do início da sessão de ordenha para prover um ambiente no sistema de ordenha mais limpo.

Mas para obtermos sucesso em nosso protocolo devemos estar atento a diluição, temperatura e duração do ciclo de lavagem e para isso existem muitas soluções:

Diluição – buscar fornecedores com conhecimento técnico de seus produtos e seguir as recomendações descritas nos rótulos dos produtos utilizando ferramentas para que a diluição seja mais assertiva possível.

Temperatura – existem no mercado tanques aquecedores de água elétrico e até mesmo com energia solar para esse fim. Esses tanques estão dotados de termostatos que mantém a água na temperatura que desejamos. Alguns possuem isolamento térmico e outros não servem apenas para aquecer a água, mas tem o recurso de manter a mesma quente por tempo prolongado sem consumo de energia.

Tempo do ciclo é muito importante entender que por mais que o tempo seja respeitado temos uma outra situação a verificar para que tenhamos certeza de que o ciclo está desempenhando o papel satisfatório.

Portanto, a eficiência de detergentes e de sanitizantes está na dependência da temperatura da solução e da concentração adotada, influenciadas pela qualidade da água de cada local. Por exemplo, na limpeza automática do equipamento de ordenha mecânica, imediatamente após o término da ordenha deve-se fazer o enxágue com água morna à temperatura de 35º a 40ºC para retirar os resíduos de leite, utilizando o volume necessário para que na saída a água esteja límpida. Esta água não deve ser reutilizada nesse procedimento e o equipamento deve ser totalmente drenado. Salienta-se a importância da temperatura da água neste processo. Caso ela esteja inferior a 35ºC, poderá ocorrer a fixação de sujidades nas tubulações e acima de 45ºC, poderá ocorrer o cozimento das proteínas do leite, com a sua fixação nas superfícies.

Após essa etapa, conhecida como “pré-enxágue”, deve se circular por média dez minutos uma solução com detergente alcalino clorado à temperatura inicial entre os 70º a 75º C e à temperatura final mínima, de saída, de 40ºC, com posterior drenagem do equipamento. Novamente, as temperaturas são importantes. Por um lado, caso a temperatura final seja inferior a 40ºC, o detergente não será eficiente. Por outro lado, se a temperatura inicial for superior a 80ºC, haverá maior chance de evaporação do detergente alcalino.

Recomenda-se a utilização de detergente ácido após o uso do detergente alcalino. Anteriormente, era feita a indicação de lavagem semanal com o produto ácido, mas, em locais onde a água possui quantidade grande de minerais que ocasionam as chamadas “pedras do leite” ou sistemas de ordenhas com medidores eletrônicos com sensor de medição por eletrodo, deve-se aumentar a periodicidade da aplicação deste tipo de detergente, com temperatura de entrada no sistema de 35ºC a 45ºC e circulação mínima durante dez minutos. O equipamento deve ser sanitizado antes da próxima ordenha.

No caso do tanque de expansão, devem ser realizados os mesmos procedimentos aplicados ao equipamento de ordenha e na mesma sequência, com o cuidado de que o material utilizado para esfregar o interior do tanque não provoque ranhuras, nas quais pode haver depósito de microrganismos, cuja remoção será trabalhosa. Nos tanques com lavagem automática ajustar bem os ciclos e certificar que todas as mangueiras estejam integras e que haja detergente nos galões.

Acessórios para a lavagem:

Sistema Balde ao Pé: Geralmente são dotados de escovas, e guias para lavagem manual dos conjuntos e teteiras.
Entretanto ainda há a opção da utilização do “Lavador Automático” que realiza a circulação do produto com auxílio do vácuo da própria ordenhadeira.

Sistema Canalizado: Nos sistemas canalizados também há opção de automatizar a limpeza através dos “Programadores de Lavagem”. Existem muitas opções, inclusive com números de bombas peristálticas, os mais completos, que controlam os 3 detergentes: alcalino, ácido e sanitizante. Devemos ter atenção nos detergentes dos galões e nas mangueiras para que a dosagem esteja sempre correta.

Tanques Expansão: Os tanques de resfriamento de leite denominados fechados, sejam cilíndricos ou elípticos são dotados de programadores de lavagem devido seu formato.
Já os convencionais abertos não, a lavagem deve ser manual.

Por Lissandro Stefanello Mioso, Médico veterinário – CRMV/RS 8457 e Consultor Técnico da Inabor.

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