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Com o ano que se encerrou em 2016, começamos a olhar para o ano de 2017 com o objetivo de nos programarmos e de auxiliar nossos clientes a se planejarem.

1. Os preços internacionais das commodities lácteas deverão seguir em recuperação durante o ano. As chances aqui superam 80% de probabilidade, pelo ciclo de 3 anos e pelo cenário de oferta e demanda concreto.

2. Os preços domésticos, pagos ao produtor brasileiro, deverão permanecer acima dos valores mínimos registrados agora em dezembro/2016. Há possibilidade de subir novamente, mas apenas pelos fatores internos, ela é remota.

Se, no entanto, subir internacionalmente, a nossa poderá se igualar, ou até superar, a registrada no primeiro semestre de 2016.

É preciso que os produtores brasileiros lembrem que os preços atuais aqui praticados continuam descolados dos preços pagos em outros países. Isso deve ensejar alerta!

Qual é o cenário de planejamento para 2017: US$0,30/L para pequenos produtores e US$0,45/L para os grandes (se o USD ficar entre R$3,20-3,50). Teremos momentos acima disso, mas não podemos contar com valores maiores, pois estes já são internacionalmente altos.

Quem não tem lucro com estes preços, recomendamos revisar seu negócio, buscar assistência especializada ou trocar de atividade, antes que seja tarde demais.

3. Veremos algumas indústrias quebrarem em 2017. Embora muitas tenham tido boas margens em 2016, estas vieram para recuperar prejuízos de exercícios passados. A maioria das indústrias, via de regra, não estão preparadas para bancar altos preços à frente das vendas, como ocorreu este ano.

Se houver tal arranque, muitas terão que aceitar forte perda de produtores e dificilmente se recuperarão. Ou seja, em 2017, empresas com reserva de capital de giro e com as dívidas equacionadas para o fluxo de caixa do novo exercício estarão em forte vantagem competitiva, muito provavelmente à exclusão de outras.

4. Embora a cadeia esteja acirrando a pressão por volume mínimo a ser coletado, tudo indica que 2017 será um ano difícil para quem assumiu compromissos contando com os altos preços praticados até julho de 2016, independente de escala.

5. Cresce gradativamente a proporção (ainda pequena) de produtores com um sistema eficiente e totalmente compatível com a volatilidade de preços que temos testemunhado. Veremos muitos casos se multiplicarem, pois mesmo neste segundo semestre de 2016, suas margens continuam altas. Dois mil e dezessete será o ano destes produtores.

6. Preço do petróleo e do dólar são uma grande incógnita, com forte influência nos custos de produção. Acreditamos que o petróleo deverá ficar predominantemente entre US$50-65/barril (podendo momentaneamente chegar a US$80) e que o dólar volte para próximo de US$3,20, ainda que possa subir no curto prazo. Estas são duas previsões muito difíceis de serem feitas, mas precisamos trabalhar com algum valor.

Se confirmando, ainda que com o dólar atrativo, não deveremos ter grandes influxos de importações lácteas pela tendência de aumento de seus preços internacionais, em dólar. Lembramos que o Brasil precisa, urgentemente, intensificar seus esforços para consolidar canais de exportação (continuamos brincando neste setor).

Estes novos preços do petróleo pressionariam os preços dos fertilizantes, ainda que atenuados pelo câmbio, se este for realmente mais favorável. Há uma tendência deste insumo voltar a ganhar peso nos custos em 2017.

7. O cenário político doméstico continua instável, ainda que progredindo. O Brasil está deixando de depender de nomes para confiar em rumos. As notícias recentes que impactam, potencialmente, o nome do presidente e de seus ministros, parecem não ser maiores que a determinação nacional de acabar com a corrupção e depurar governo e parlamento.

O fiel da balança de 2017 não se chama Temer e, sim, Lava a Jato. Enquanto esta estiver avançando, o país estará consolidando conquistas e multiplicando confiança, mesmo que o presidente atual venha a ser deposto. Caso, no entanto, esta operação seja abortada ou fortemente prejudicada, todo o cenário nacional precisaria ser revisto.

Por todos esses fatores, acreditamos que, em 2017, “quem estiver tomando banho nú, será descoberto”, tanto produtores como indústrias. É o ano da verdade. Produtores que acham que o mercado lhes deve um preço Y porque seu custo é X começam a ceder espaço para os que entendem que preço é mercado e que sem produtividade e eficiência não há preço que pague.

Do lado da indústria, aquelas que continuam com as velhas práticas de abandonar princípios quando falta matéria-prima, de queimar dinheiro sem um programa de desenvolvimento e suporte para seus produtores, de expandir bacia de captação sem intensificar a atual e no meio disso tudo arrochando o transportador, já estão mal neste momento e se verão ainda mais apertadas em 2017.Ou seja, tudo indica que teremos um ano muito interessante para quem é profissional e comprometido, com expurgo de muitos que ainda não aceitaram que leite é volume por recurso de produção, com baixo custo por litro (não por mês ou ano) e qualidade constante.

Fonte : Milkpoint

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