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Por Lissandro Stefanello Mioso, Médico veterinário – CRMV/RS 8457 e Consultor Técnico e Comercial da Inabor.

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O presente trabalho possui o intuito de dar uma visão geral de como podemos produzir leite tendo o cuidado de extrair o mesmo com qualidade. Vamos falar um pouco dos animais, operações, instalações, equipamentos e produtos necessários a produção de leite.

O leite deverá ser de animais em perfeito estado de saúde, o animal apresentando sintomas de doenças no úbere não deverá ter seus produtos destinados para consumo humano. Animais em tratamento veterinário não poderão ter seu leite consumido durante o período de carência do medicamento.

Por interpretação a IN 62 (Instrução Normativa 62 – MAPA) entende por leite sem outra especificação o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda.

O texto será abordado por tópicos:

• Animais e Instalações
• Sala de Ordenha
• Equipamento de Ordenha
• Tanque de Leite e Estoque
• Considerações finais

Animais: possuir um bom programa sanitário em todo o plantel.

Devemos possuir especial atenção as doenças que podem ser transmitidas pelo leite (Zoonoses) e utilizar todas as estratégias disponíveis para evitar essa possibilidade. Manter sempre em dia o programa de controle das doenças como: Tuberculose e Brucelose.

Os animais preferencialmente deverão ser mantidos limpos, as áreas de descanso deverão ser dimensionadas corretamente e mantidas secas e limpas. As passagens, caminhos e áreas de manejo deverão estar livre do acumulo de sujidades como estrume, lama e etc.

Nos campos, tentar manter os caminhos e passagens bem cuidados sem grande acumulo de lama e sujidades.

Instalações: vai depender muito do sistema adotado pela fazenda pode ser: a campo, free-stall ou compost barn. Em qualquer um desses sistemas devemos preconizar o bem-estar animal dimensionando e manejando corretamente cada sistema.

FREE-STALL

Sistema onde os animais ficam alojados em um local com uma cama/box para cada vaca, e a cama deverá ser projetada de maneira a convidar a vaca a deitar as camas podem variar quanto a material podendo ser de areia, colchão de alta densidade e até colchões de água. As sugestões de dimensões geralmente são baseadas nos maiores animais do plantel pois, podemos ajustar as guias do pescoço para facilitar a entrada e saída da vaca na cama. Aos animais que se recusam a deitar na cama deveremos realizar a “escolinha” para as vacas aprenderem e não deitarem na pista assim ficando sujas. Caso não aprendam trocar para outro local (campo ou compost barn) onde possam permanecer secas e limpas.

COMPOST BARN

Sistemas onde os animais são alojados em uma estrutura, entretanto não possuem camas individuais e ficam à vontade na área de uso comum. O que devemos estar atentos para não haver superlotação nesse tipo de sistema há vários trabalhos que abordam esse tema, entretanto variam um pouco de local para local. Há citações em trabalhos que citam que animais de 600 kg necessitam no mínimo de 6,5 metros² por animal na área de uso comum e 2,5 metros² para pista de alimentação por animal, isso para bovinos. Quando trabalhamos com ovelhas 1,4 metros² e cabras 1,8 metros² sempre lembrando que os cochos de água não devem ter acesso pela área de uso comum. Devemos dar especial atenção ao manejo da cama (compostagem) remexendo a mesma quando os animais estão na ordenha e realizar a remoção total dependendo do material utilizado.

PASTOREIO

Sistema onde os animais estão no campo, ou seja, fora de uma instalação, entretanto devemos ter cuidados em providenciar acesso a água e sombra e ofertar uma pastagem de boa qualidade. Ficar atento quanto as distâncias a serem percorridas pelas vacas lactantes até a sala de ordenha sempre tendo em mente no máximo 1.500 metros de ida e 1.500 de volta. Nessas distâncias minimizamos a perda de produção por esforço físico, acima dessas distâncias o animal não conseguirá expor todo seu potencial produtivo. Tentar manter os piquetes o mais enxuto e com menor presença de lama possível. Sistemas com a sala de ordenha no centro, os piquetes em torno se mostram muito eficientes por manter as distâncias menores de deslocamentos.

Sala de Ordenha:

O local onde é realizada a ordenha deve ser projetado de forma que as vacas fiquem bem acomodadas e tranquilas, além de oferecer segurança ao ordenhador. Essa instalação está dividida em duas partes, Sala de Espera + Sala de Ordenha = Centro de Ordenha.

As salas de esperas em geral deverão possuir o aclive em direção a sala de ordenha, assim auxiliando no alinhamento dos animais e facilitando o fluxo de entrada na sala dos mesmos e escoando as sujidades para o lado oposto da sala de ordenha, o espaçamento pode variar de 1,5 metros² até 2,5 metros² por animal interessante, possuir sombra ou espera coberta. Já a sala de ordenha vai depender do tipo de ordenha e tamanho do sistema de ordenha e cada fabricante de equipamento possui uma plataforma própria para a instalação é indicado recorrer a empresa fornecedora do equipamento que certamente possui o projeto para instalação do equipamento assim evitando contratempos.

Em fazendas que trabalham com animais de raças especializadas que sofrem maior estresse pelo calor, é recomendada a instalação de sistemas de resfriamento nas salas de espera e de ordenha como, por exemplo, ventiladores e nebulizadores.

Equipamento de Ordenha:

Linha baixa:

A ordenha mecanizada possibilita a extração do leite mais rápida do que a ordenha manual e quando bem realizada, tem menor risco de contaminação.

Geralmente, é feita em um local específico a sala de ordenha, que pode variar tanto no tipo quanto na dimensão.

Existe variação entre sistemas da linha baixa, por exemplo, que trabalha com pressão menor de vácuo o que beneficia em muito a saúde de teto, entretanto pode ser mais lenta e o custo de investimento maior. Já nas linhas médias muito comuns no Brasil, o investimento é menor e preza por uma ordenha mais rápida até um certo número de postos de ordenha e como possui a linha de leite instalada acima do lombo do animal trabalha numa pressão de vácuo maior.

Em sistemas carrossel geralmente se trabalha com linha baixa e nos sistemas robóticos há a individualização dos tetos para ordenha.

Buscar sempre empresas idôneas para a escolha do equipamento de ordenha que o mesmo respeite as normas de utilização e dimensionamento para não causar danos aos animais.

Linha Média:

Outro fator importante é o sistema de lavagem dos equipamentos de ordenha que deverão ser projetados de maneira a garantir a limpeza do sistema por inteiro para que o mesmo não venha contaminar o leite. Dentro de um programa de controle, aqui temos um ponto crítico que poderá afetar bastante a qualidade do leite se não ficarmos atentos;

Os sistemas podem ser:

Três tipos, por vela como na primeira imagem, spray como na segunda ou ducha como na terceira imagem. Importante é que as teteiras fiquem bem conectadas e que haja fluxo de água suficiente para lavar os conjuntos de ordenha.

Tanque de Leite e Estoque: a caixa forte da fazenda de leite guarda toda a produção da fazenda os tanques podem ser abertos conforme a figura esquerda ou fechados conforme a figura a direita.

O local de instalação desses tanques deverá ser projetado de forma a proteger o equipamento e o conteúdo de seu interior ter pisos com caimentos para facilitar o escoamento da água durante o processo de lavagem ter fácil acesso a coleta pelo caminhão.

Nos tanques fechados ainda possuímos uma variação entre tanques cilíndricos e elípticos sendo o último mais econômico nos processos de lavagem e resfriamento.

Considerações Finais: Nesse trabalho abordamos o universo em torno do leite e que cuidados podemos tomar para minimizar a contaminação e consequente perda de qualidade no leite. O leite poderá se contaminar em qualquer ponto no processo da produção, fica a cargo do gerente ou proprietário da fazenda identificar esses pontos e implementar medidas de controle para evitar a contaminação do leite.

No trato com os animais:

A importância de manter o animal limpo como na figura esquerda é uma maneira que facilita a operação de ordenha facilitando os procedimentos de pré e pós ordenha e colocação dos conjuntos de ordenha.

Primeiro contato com a vaca e limpeza dos tetos

Sempre que se aproximar das vacas chame-as pelos nomes, encoste a mão na sua perna ou no úbere antes de pegar em seu teto. Isto é muito importante para que ela não assuste com a sua presença, reduzindo o risco de coices.

O teste da caneca de fundo preto:

Faça o teste da caneca de fundo preto para diagnóstico da mastite clínica em todas as vacas e em todas as ordenhas. Além do teste da caneca, pode ser feita a palpação do úbere nos casos de suspeita de mastite; úbere mais rígido que o normal, quente e avermelhado é sinal de mastite.

Testes para diagnóstico de mastite subclínica:

O diagnóstico de mastite subclínica é realizado principalmente com o teste Califórnia Mastite Teste (CMT) e a contagem de células somáticas (CCS). Deve-se realizar o teste de CMT ou CCS pelo menos duas vezes por mês. Use os resultados para planejar a linha de ordenha.

Aplicação do pré-dipping:

Pré-dipping é um procedimento de desinfecção dos tetos antes da ordenha e tem como objetivo a prevenção da mastite ambiental. Este consiste na imersão dos tetos em solução desinfetante, podendo ser utilizada solução de iodo (0,25%), solução de clorexidine (de 0,25 a 0,5%) ou ainda de cloro (0,2%). Dê preferência ao uso de copo aplicador sem retorno, em que o desinfetante aplicado no teto não se mistura com a solução que será aplicada nos outros tetos.

No uso dos conjuntos de ordenha:

Para a fixação das teteiras, segure o conjunto com uma das mãos de forma que as mesmas fiquem penduradas e em posição que facilite serem acopladas aos tetos. Pressione o botão do vácuo apenas quando o conjunto estiver bem posicionado, embaixo do úbere. Fixe cada uma das teteiras, iniciando pelos tetos mais distantes

Verifique sempre o correto posicionamento do conjunto de teteiras para evitar entrada de ar e riscos de contaminação do leite ou dos tetos no caso de ordenhadeiras com extrator de teteiras faça testes semanais para verificar se o momento da extração está correto.

Para desacoplar as teteiras, puxe o pino do copo coletor cortando o vácuo, fazendo com que elas se soltem dos tetos.

Nunca puxe as teteiras e nem faça pressão com as mãos no conjunto de ordenha antes de cortar o vácuo.

AÇÕES LOGO APÓS A ORDENHA:

Aplicação do pós-dipping que é a imersão dos tetos em solução desinfetante glicerinada, sendo geralmente utilizada solução de iodo (0,5%), de clorexidine (de 0,5 a 1,0%) ou de cloro (de 0,3 a 0,5%). Esse procedimento tem como finalidade a proteção dos tetos contra microrganismos causadores da mastite.

Fornecimento de alimento para as vacas: Forneça alimento para a vaca logo após sua saída da sala de ordenha. Ao oferecer o alimento diminuímos a probabilidade de que a vaca se deite. É fundamental que ela permaneça em pé por, pelo menos, 30 minutos. Neste tempo, o esfíncter do teto fechará, diminuindo o risco de mastite ambiental. Além disso, elas ficarão condicionadas a entrarem e saírem da sala de ordenha, facilitando o manejo.

LIMPEZA E DESINFECÇÃO DA SALA DE ORDENHA E DOS EQUIPAMENTOS:

Se alguma vaca defecar durante a ordenha, as fezes devem ser removidas. Esta limpeza deve ser feita com muito cuidado para diminuir o risco de contaminação. Utilize um rodo ou uma pá para empurrar (ou puxar) as fezes para a calha de drenagem, e utilize água para lavar o local apenas no intervalo entre uma bateria de ordenha e outra.

Nunca utilize a mangueira de água para empurrar as fezes e nem use a água enquanto as vacas estiverem na sala de ordenha, pois isto aumenta o risco de contaminação. Imediatamente após a ordenha, deve-se realizar a limpeza das instalações e dos equipamentos. Para a lavagem e desinfecção de equipamentos de ordenha mecanizada, siga as instruções do fabricante.

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