Neste texto abordaremos um assunto técnico, porém, trazendo uma linguagem direta para um fácil entendimento de todos os leitores. Todos os processos produtivos, independente do segmento são formados por várias etapas, sendo cada etapa de extrema importância para resultado do processo como um todo.
Na pecuária de leite não é diferente, possui várias frentes que devem ser observadas, como o cuidado com os animais, as principais estrelas da propriedade, mas também no que tange a sua alimentação, tendo aqui preocupação com preparo da terra, semeadura, desenvolvimento, colheita e armazenagem.
No leite, temos nossa colheita realizada diariamente e geralmente em dois turnos, em alguns lugares até três turnos, entretanto o cuidado com um dos equipamentos mais utilizados por vezes se encontra esquecido ou é protelado as suas necessidades de manutenção, veremos a seguir.
Não é incomum encontrar pelo Brasil ordenhadeiras mecânicas instaladas de maneira que privilegiam a operação por parte dos ordenhadores esquecendo a necessidade do animal para um bom desempenho da ordenha. As salas de ordenha muitas vezes são prédios adaptados e não projetados para um bom funcionamento, com bom fluxo para os animas, para a ergometria do operador, assim otimizando a funcionalidade da ordenha.
Conhece-se o principio do funcionamento da ordenha mecânica que trabalha por diferença de pressão, assim conseguindo quebrar a pressão do úbere e extrair o leite, sendo que a ausência de ar nas tubulações é produzida pela bomba de vácuo que já falamos em outro texto, mas vale lembrar que o tamanho da bomba dependerá do numero de conjuntos de ordenha que iremos utilizar, mais informações sobre bomba de vácuo veja em outro texto já publicado aqui no site (Sistema de Ordenha e seu Dimensionamento).
O principal combustível da ordenha é ausência de ar, ou produção de vácuo relativo na tubulação, para que possamos extrair o leite devemos alternar o vácuo com ar. Isso gera uma simulação de massagem e o leite é extraído sem agressividade ao teto do animal.
Neste momento entra em ação um componente muito importante, o pulsador. Esse dispositivo é responsável em alternar o vácuo/ar,promovendo abertura e fechamento da teteira no teto do animal e o que devemos saber é o seguinte:
Todo pulsador para alternar a pressão, sejam eles alternados ou simultâneos, estão ligados à rede principal de vácuo e ambos são conectados aos coletores por mangueiras. Nos alternados elas são duplas e nos simultâneos são simples, em ambos os sistemas a capacidade de alternar vácuo/ar é limitada em decorrência da capacidade dos pulsadores produzirem um pulso até a teteira. Como já vimos em textos anteriores, para facilitar a operação são utilizadas mangueiras compridas que alcancem os animais mais distantes, geralmente em sistemas balde ao pé que ainda é o mais utilizado no Brasil, mas também não raro ver em ordenhas canalizadas linha média, aquela em que o mesmo conjunto de ordenha atende os dois lados da sala de ordenha pendulando de um lado a outro conectado ao tubo do leite no centro do equipamento ou do fosso de ordenha.
O pulsador tem conexão com a mangueira de um diâmetro de 7,0 mm no alternado e 9,5 mm no simultâneo, mas por que isso importa?
O pulsador conseguirá alternar vácuo/ar de forma a levar um pulso até a teteira se a mangueira estiver com comprimento máximo de 2,80 a 3,00 metros, caso for maior a perda de efetividade aumenta a cada aumento do comprimento da mangueira, assim não contribuindo para uma boa massagem, causando por fim uma ordenha de baixa qualidade podendo vir afetar a saúde animal e por consequências causar prejuízos.
As mangueiras sofrem desgastes durante o tempo de uso e as mesmas devem estar integras, pois aqui temos vácuo/ar alternado, se houver uma entrada de ar seja nas conexões ou rachadura, quando deveríamos possuir um vácuo estável, com entrada de ar já não possuímos mais e por consequências prejudicamos o trabalho da teteira e por fim o animal é quem sente.
O mesmo pode ocorrer na mangueira de leite que está conectada ao coletor de leite e ao tarro/latão, ou tubo de leite e levam o leite através da força do vácuo, se a mesma estiver muito comprida e tiver voltas (loops) a eficiência do despacho do leite cai bastante e o tempo de ordenha aumenta bastante expondo o teto ao vácuo por mais tempo que o necessário.
Observem, que falamos de mangueiras e comprimentos das mesmas como afetam o desempenho do equipamento de ordenha, isso gera os famosos “boletos invisíveis” pagamos sem saber onde está o gargalo.
Portanto, a correta instalação e manutenção do equipamento de ordenha são imprescindíveis para uma boa colheita de leite, pois podemos estar diminuindo a eficiência em outras frentes como genética, nutrição e sanidade do rebanho, por falta de atenção ou até desconhecimento de fatores simples que podem interferir em nossos resultados finais da produção de leite.
Realizar as trocas dos componentes dentro dos prazos e de maneira correta, auxilia em muito o desempenho do equipamento de ordenha e por isso a importância da manutenção. Os técnicos de ordenha hoje em dia podem scannear o equipamento de ordenha durante a ordenha, ou seja, em tempo real e avaliar os parâmetros dos equipamentos e realizar ajustes necessários, melhorando o desempenho do equipamento e preservando a saúde animal,evitando assim prejuízos na produção.
Boa lactação!
Lissandro Stefanello Mioso
Consultor Técnico/Comercial
Médico Veterinário