Sinais sempre devem ser vistos com atenção, reanalisados frequentemente para serem corretamente interpretados e incorporados à estratégia do negócio. Nesses tempos atípicos que vivemos ao navegar em sites e relatórios de consultorias técnicas voltadas ao agronegócio observamos alguns movimentos de transformação na estrutura da cadeia leiteira.
Acompanhando o site Milkpoint e alguns dados e artigos constatamos que a produção de leite no Brasil permanece estável, ou seja, sem crescimento nos últimos anos e analisando mais profundamente se constata um movimento de mudança de sistemas de produção havendo um aumento significativo da adoção de sistemas confinados onde o sistema de “compost barn” puxa a frente na preferência.
Dados de laticínios indicam que em média 35% do leite captado no Brasil são oriundos de confinamentos, o que nos sugere a busca de aperfeiçoamento dos resultados da produção com maior produtividade e profissionalização da propriedade.
Segundo a Emater/RS há redução na ordem de 50% no número de produtores nos últimos 6 anos no estado gaúcho, contudo a produção não é afetada. Para isso ocorrer se entende que houve uma maior produtividade nas granjas que permanecem graças a aplicação de técnicas e tecnologias.
O Engenheiro Agrônomo na Emater/RS Leandro Ebert relata: “Não é que está acontecendo uma migração dos produtores do sistema a base de pasto para os sistemas mais intensivos, confinado ou semiconfinado. O que está acontecendo é uma exclusão dos produtores da produção de leite do Rio Grande do Sul. Uma pequena parte está indo para os sistemas confinado e semiconfinado, e consegue se manter dessa forma.”
Com esses sinais entendemos uma tendência para maior controle dos recursos destinados à produção leiteira com aumento da preferência dos sistemas confinados. Esses sistemas têm por características a concentração dos animais, com isso surge também um novo desafio, o destino dos dejetos.
A sustentabilidade ambiental devido aos dejetos abre-se outra janela de oportunidade à propriedade, com a utilização dos dejetos para produção de biofertilizantes tendo assim impacto na redução de custos para o produtor.
Isso devido à alta significativa que os fertilizantes vêm sofrendo, utilizar os dejetos para transformá-los em fertilizantes reduz significativamente os gastos com esses insumos, além de ser uma alternativa que oferece excelentes ganhos ambientais. Esses biofertilizantes, se manejados da forma correta, podem ser aplicados em todo tipo de cultura agrícola presente na propriedade, inclusive alimentos destinados aos próprios animais. A destinação correta desses dejetos é de suma importância para a produção e pode ser uma oportunidade para a redução de custos.
Verificando a situação dos fertilizantes essenciais à produção verificou o seguinte cenário internacional, com preços de gás natural e petróleo sob forte pressão e problemas no mercado de fornecimento desses itens principalmente com um dos principais atores a Bielo-Rússia sendo alvo de sanções por parte União europeias e Estados Unidos. De acordo com José Mendonça de Barros, da MB Agronegócio, “há uma escassez física de material no mercado por causa das restrições comerciais com a Bielo-Rússia e o potássio é indispensável. É produzida em alguns lugares, como Canadá, Rússia, Bielo-Rússia e um pouco na China – que está travando as exportações de fertilizantes para proteger seu mercado interno”.
“Na questão do fornecimento de potássio, pode normalizar alguma coisa, mas entra o efeito da desvalorização do câmbio – o dólar está cada vez mais alto. Com isto, a pressão sobre os custos de produção para a agricultura vai continuar mesmo em um cenário em que a União Europeia alivie a pressão sobre a Bielo-Rússia”, conclui Mendonça de Barros.
Fator novo pode mudar preços da soja para 2022. O problema começará a aparecer na compra dos insumos para o milho safrinha de 2022, crescem as possibilidades de que o aumento dos custos com fertilizantes reduza a área que será destinada à produção de cereais no próximo ciclo, aponta a TF Consultoria Agroeconômica. De acordo com os analistas de mercado, esse é um fator novo que pode mudar a tendência dos preços da soja para 2022.
Haverá fertilizantes suficientes para todos? Segundo analistas, a situação, neste momento, é: “Os preços dos fertilizantes para a próxima safra de verão no Brasil estão garantidos e definidos, porque já foram comprados e entregues”. “O problema começará a aparecer na compra dos insumos para o milho safrinha de 2022 e o trigo da safra 2022, atingindo a soja posteriormente”, conclui a TF Consultoria Agroeconômica.
Portanto a atenção nesse período de reorganização dos mercados a normalização do fluxo comercial pós-pandemia requer muita informação e dados para que possamos traçar uma estratégia de negócio robusta para que possamos seguir produzindo sem sobressaltos alicerçados num plano de negócio bem formulado.
Que o momento que atravessamos está repleto de desafios e que precisamos de informações reais e atentas a todos os sinais de mercado. Dados nos trazem que a produção de leite não apresenta grande crescimento, entretanto o desempenho animal melhorou, sistemas de criação foram aperfeiçoados mostrando o perfil de profissionalização no campo para a produção de leite.
Sofremos com a demanda reprimida devido ao desemprego, perda do poder de compra do consumidor, entretanto ao olhar a jarra meio cheia vimos às importações lácteas caírem e iniciamos de certo modo exportação de lácteos que pode ser uma boa alternativa de futuro ao setor.
Gostaríamos de desejar saúde, sucesso, trabalho e excelentes lactações futuras.
Feliz Natal e um excelente 2022!
Boa Lactação a todas as fazendas!
Lissandro Stefanello Mioso
Médico Veterinário – CRMV 8457
Consultor Técnico